sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Mudança

Ando com um problema pra escrever aqui. Parece que nada surge, minha cabeça anda vazia. Apesar de ser um lugar onde escrevo sobre tudo, desde que seja algo de meu interesse, o que, teoricamente, faz com que assuntos não faltem, ultimamente ando totalmente perdido, sem nenhuma inspiração.

Não costumo escrever sobre sentimentos ou acontecimentos da minha vida aqui - exceto pela ligação para a Dorotéia. É claro que tudo que eu escrevo tenha uma carga emocional envolvida, desde textos sobre filmes até as pequenas ficções, que são os textos que sofrem maior influência. Hoje será diferente, não só falarei sobre a vida, será uma análise de um ano todo.

Provavelmente a palavra que defina este ano foi "mudança". Para começar mudou que logo na primeira semana de janeiro tive umas últimas aulas malditas para assistir, já foi algo inédito pra mim. Depois vem a entrada na faculdade e todas suas conseqüências (eu ainda uso trema). Parece que faz muito tempo e na verdade só se passou um ano.

Mudança de vontades, de hábitos, de horários, de gostos, de amores, dos lugares onde vou, de responsabilidades, de pensamentos, da forma de agir, da forma de planejar, sem deixar de lado a climática, a ortográfica, a do Obama (coitado), e as tantas outras, provavelmente não tão radicais, que o ano que vem trará.

Feliz ano novo a todos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Telefone

"Nove e meia da manhã? Número desconhecido... quem será?" O bom humor matinal já faz a futura conversa ao telefone ser algo desgradável.

-Alô?

-Alô... por favor a Dorotéia? - Responde uma voz feminina

-Não tem ninguém com esse nome.

-Não? Mas é 9999-9999?

-Isso, mas não tem nenhuma Dorotéia.

-Então ela me deu o número errado.

-Então ela te deu o número errado.

-Você é o dono do celular?

-Sou eu mesmo...

-Qual seu nome?

-Dorotéia é que não é.

-Ah, obrigada.

Sorte dessa Dorotéia, não teve que atender a uma ligação às nove e meia da manhã. Azar o meu que atendi...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Espinhos

O enfeite em cima da mesa era muito mais atrente do que os olhos castanhos que o observavam. Tinha certeza que os olhos estavam parados em cima dele, só não queria olhar de volta. Continou fitando o enfeite, eram rosas organizadas de forma grosseira, os espinhos ainda estavam lá, ninguém tinha se importado em arrancá-los. Não, não iria olhar pro lado, aquela situação vinha se repetindo constantemente. Ele podia sentir o olhar penetrando-o, tentando de alguma forma fazer com que ele olhasse para o lado, tentando chamar sua atenção.

- Tudo bem com você? - A dona dos olhos perguntou

Claro que não está tudo bem. Você está me fitando, eu sei disso e não tenho a mínima vontade de virar minha cabeça e olhar para você. Tem sido assim, você me olha, eu não e então vem a maldita pergunta, "Tudo bem?" ou então a pior, "No que você está pensando?". Se não te olhei foi por algum motivo. Cansado de nós dois, provavelmente tédio também.

- Sim, tudo bem... - Ele respondeu sem tirar os olhos do enfeite

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Parabéns

Não, não é parabéns pra ninguém em especial. Na verdade é pra muita gente, e acredito que muitas delas especiais. Muitos costumam ter essa birra com americanos, achamos que eles são esnobes, prepotentes e todos esses adjetivos facilmente aplicáveis aos americanos.

Na última quarta-feira eles conseguiram nos calar. Após oito anos de um governo autocêntrico, que só olha para o próprio umbigo, que parecia não se importar com as hostilidades e antipatias do resto do mundo. Eles terão uma nova chance.

O espantoso é que após oito anos de guerras, jovens morrendo, uma enorme crise financeira gerada e todas peculiaridades do governo Bush, nos últimos dias tenha sido dúvida que Obama fosse ganhar. Me pergunto que motivos levariam alguém a votar por mais 4, ou eventualmente 8 anos, do atual governo. Provavelmente preconceito, conservadorismo e uma pitada de ignorância.

Um americano, após a re-eleição de Bush em 2004 criou o site Sorry Everybody, pedia desculpas pela burrice dos americanos ao re-eleger Bush e pedia para que outros americanos enviassem seus pedidos de desculpas ao site. Muitas fotos chegaram com placas pedindo desculpas por mais da metade do povo. Logo após a eleição de Obama o site exibia um bilhete escrito à mão dizendo que os americanos estão desculpados.

Acredito que posso dizer o mesmo. Estão desculpados e acredito que o resto do mundo se orgulhe em ver que, pelo menos, mais da metade deles foram inteligentes o suficiente para superar levianidades e elegerem o melhor candidato, independente de sua cor ou local de origem.

Obama está certo, a América é melhor do que foi nos últimos oito anos, e eu tenho certeza de que posso me orgulhar de que, sim, eu também faço parte dessa América.

domingo, 26 de outubro de 2008

For my listening pleasure - II



A arena construída no meio do Parque do Ibirapuera, toda iluminada e cheia de gente do lado de fora batendo papo é algo bem diferente do palco no meio da concentração do sambódromo. Mais bonito, mais aconchegante. O banheiro químico de luxo, patrocinado pela Nívea, tinha sabonete líquido, loção pós-barba, creme hidratante entre outras coisinhas. Mas isso não é o que interessa.

Lá pelas 22h o The National subiu no palco. Surpreendente como a pista estava relativamente vazia, era fácil conseguir um ótimo lugar sem precisar lutar por ele. O dedilhado do início de Star a War mostrava que o show seria ótimo. E foi. A voz grave de Matt soava maravilhosa e os instrumentos também.

No palco a banda se mostra autista em alguns momentos, principalmente quando o vocalista para na frente da bateria, se abaixa e bate palmas. Ou quando cada integrante da banda toca sua parte isoladamente do resto da banda. No entanto as partes de autismo foram mescladas com a ótima relação que a banda teve com o público, que foi desde um livro assinado para alguém da platéia, passando pela felicitação devido ao aniversário de alguma outra pessoa e terminando em uma música a mais tocada para o Fábio - seja ele quem for.

A tradição de confusão e má qualidade do som do Tim Festival oi quebrada. Tudo extremamente bem organizado nos mínimos detalhes. O som do The National estava perfeito, todos instrumentos e o vocal estavam com uma ótima qualidade. Os shows foram pontuais para a redenção depois do Tim Festival de 2007 e suas 4 horas de atraso.

Se o próximo Tim repetir a fórmula, tem de tudo para dar certo. O que resta agora é ficar esperando até outubro do ano que vem e saber qual será a banda que eu, alegremente, assistirei.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Caçambas, apartamentos e nada mais

Sabe aquelas caçambas de lixo? Você acha que a única serventia daquele troço amarelo é ficar na rua acumulando entulho, espalhando aquele cheiro horrível ou pras senhoras que passeiam com o cachorro jogarem o saquinho depois que o animalzinho faz cocô? Um inglês achou que serve para algumas coisas a mais. Oliver Bishop Young, o cara resolveu fazer umas intervenções artísticas nas caçambas. Eis o resultado:










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Além disso vi essa semana um negócio bem legal. Faz tempo que vejo no jornal propagando de um negócio chamado MaxHaus, o folheto é chamativo, mas eu acabava esquecendo até chegar no computador. Do nada lembrei daquilo e procurei no google. É um projeto de apartamentos "revolucionários". A planta tem as 4 paredes e um banheiro, o resto é o comprador quem resolve. Pode ser um apartamento só com um cômodo gigantesco e lá você dorme e vê televisãoe tudo mais. Ou você pode fazer um dormitório e outro cômodo grande. Ou você pode fazer 2 dormitório e uma cozinha fechada. Ou você pode fazer 3 dormitórios.

É isso, a idéia é cheio de ou's, você escolhe como vai ser dependendo das suas necessidades. Sem falar na porta que é emborrachada toda estilizada e com campainha em mp3. Você coloca uma música e quando alguém tocar tchanan, a música toca. Chega de "pééé"

Dá pra ficar imaginando como seria o seu. É divertido. O que não deve ser divertido é o preço.

www.maxhaus.com.br

É isso. Qualquer hora eu apareço por aqui de novo, provavelmente falando sobre o show do The National!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Todd Hido

Depois que escrevi sobre o sujeito que tira fotos de rolos de papel higiênico, eu me lembrei de um fotógrafo que tem outra mania, bem peculiar também. As principais fotos do potfólio dele são de casas ou apartamentos tiradas durante a noite. As luzes acesas dentro das casas contrastam com a neblina que aparece em algumas fotos, criando essa idéia de "lá dentro tá melhor do que aqui fora".

No site tem também fotos de interiores de casas vazias, ocupadas e também daqueles motéis de beira de estrada. Além de paisagens e retratos, que consistem em fotos de mulheres, algumas nuas.







O site dele é esse aqui.

domingo, 21 de setembro de 2008

Rolos (?)

Um domingo frio e eu em casa sem o que fazer. Tava vendo uns blogs aqui, era um blogspot, assim como o meu. Nunca tive a curiosidade de apertar naquele negocinho lá de cima "Próximo blog >>", dessa vez aquilo me chamou, fui clicando. Imagens de família, viagens, blogs de tudo. Escritos em inglês, português, espanhol entre algumas línguas desconhecidas por mim.

Foi sorteando blogs que eu achei um. Não sei que raio de língua é aquela, mas as imagens são sempre semelhantes. O dono do blog posta imagens de rolos de papel higiênico de diversos lugares do mundo. Muitos dos rolos estão com a ponta dobrada, talvez a pessoa dobre daquele jeito.

Imagina a situação, o sujeito vai viajar, entra em muitos banheiros, pega a ponta do papel, dobra do jeitinho especial dele e depois tira a foto! Hilário.

Pra matar a curiosidade... http://dorullbrett.blogspot.com/

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Morricone

Quando comecei com o blog eu escrevi um texto sobre o concerto do Morricone aqui no Brasil. O maldito wordpress deu pau e eu mudei pra cá. Perdi o texto. A ironia aparece quando o meu texto do mês pro cinéfilos é sobre o Morricone, apesar de que, pelo que lembro, pouco do primeiro texto seria aproveitado, eu poderia ter extraído algumas informações dele. Não deu, escrevi um novinho.

Do cinema italiano para o mundo

Morricone ultrapassa fronteiras de tempo e espaço e se mostra um dos maiores compositores de todos os tempo

Victor Caputo

Poucos são os que se destacam e gozam de prestígio no mundo da trilha sonora. Um destes senhores é Ennio Morricone. Foi lá pelo final dos anos 50 que suas trilhas começaram a aparecer em alguns filmes italianos.

Já em 1964 Sergio Leone lança Por Um Punhado de Dólares, a trilha sonora, composta por Morricone, foi apenas a primeira entre muitas da parceria entre os dois italianos. Foram com os Spaghetti Westerns de Leone, que Morricone alcança o reconhecimento internacional.

Toda vez que vemos a típica cena de um duelo em faroeste, rua deserta, dois homens se analisando e eventualmente um pouco de feno sendo levado pelo vento, a música que aparece para acompanhar a cena é sempre a mesma, ela foi escrita por Morricone para o filme Três Homens em Conflito, um dos maiores clássicos do faroeste, também filmado pro Leone. Outros títulos são Era Uma Vez no Oeste, Por Mais Alguns Dólares e Era Uma Vez na América, sendo o último o único não-faroeste deles.

Não é só de westerns que uma carreira é feita. Outros clássicos possuem trilha sonora de Morricone, como o caso de A Missão, filme no qual DeNiro é um ex-mercador de escravos que, arrependido de sua vida, se junta á um grupo de jesuítas nas florestas brasileiras. Outra de suas maiores obras é a trilha de Os Intocáveis, o grande clássico de Brian DePalma, que conta com DeNiro fazendo papel de Al Capone. A lista de obras que contam com suas trilhas é enorme, a maioria sendo títulos italianos.

No ano de 2007, Morricone recebeu um Oscar honorário pela sua magnífica contribuição para o mundo do cinema. O discurso de agradecimento, em italiano, foi traduzido por Clint Eastwood, o protagonista de muitos dos westerns de Sergio Leone.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Verdade Pt1

Eu tive um sonho na noite passada, acordei e ainda lembrava dele, o que é raro. Achei a idéia do sonho meio louca e resolvi escrever um negócio com a idéia do sonho. Dividi em duas partes pra facilitar e mesmo assim as partes ficaram grandinhas. É isso.

Verdade

O conhecido lustre do quarto ainda não estava focado. Tinha acabado de abrir os olhos. Quase meio dia, já estava tarde, pretendia ter levantado lá pelas dez. Começou a pensar no dia, as perspectivas eram boas, um churrasco com os amigos, seria legal. A cama continuava convidativa, virou para o canto e esperou alguns minutos antes de levantar.

Sentou-se, podia sentir o chão frio encostando em seus pés, procurou ao redor mas não encontrou o chinelo, confortável e certamente mais quente do que o chão. As pedras do chão do banheiro eram mais geladas ainda, entrou e colocou o chinelo.


Ligou a torneira, a água corria, lavou suas mãos e o rosto. Bem no momento que fechou os olhos para molhar o rosto ouviu a voz grossa gritar “EEEI!”. Abriu os olhos assustado, não era possível, estava sozinho no banheiro, olhou em volta, realmente, estava sozinho. Virou-se para abrir a porta, estava trancada, ele nunca trancava a porta, raramente chagava a fecha-la.


Saiu do banheiro e percorreu todo pequeno apartamento em alguns segundos, mais ninguém, apenas ele, agora parado no meio da sala, enfrente ao colchão usado como sofá. Foi até a cozinha e preparou o café.


O café, tomado com um pedaço de pão com manteiga, seria seu almoço, afinal, não tinha mais nada que pudesse comer e estava sem dinheiro para comer em qualquer lugar. Não sentia fome.


Pegou uma revista velha e deitou-se no colchão jogado no chão para ler qualquer coisa. Tédio, era isso que as notícias transmitiam, tédio. A campainha toca.


-Filho da puta... deve ser alguém pra me encher o saco.


Pelo olho mágico não vê ninguém. Abre a porta, a porta da escada está aberta, o espertinho fugiu por ali. Silenciosamente anda até lá, ninguém, fecha a porta e volta para dentro.


Deita-se no colchão, merda nenhuma pra fazer, trocando de canal sem ter o que assistir acaba adormecendo.

***
“EEEI!!” Era a mesma voz. Tinha certeza. Levanta-se de uma vez só, corre pelo apartamento.

-Caralho, quem ta aí? Aparece, porra!


Estava ofegante e muito assustado, tinha que ter alguém lá dentro, o mesmo grito pela segunda vez, era tão real.


Quatro horas? Trocou de roupa e foi para o ponto de ônibus.


Talvez as notícias da revista velha fossem mais animadas do que aquele maldito ponto de ônibus em um domingo, não passava gente, nem ônibus. Depois de uma hora catarolando e andando de um lado para o outro finalmente o ônibus chega.


Na catraca um passageiro fica encarando-o, parecia hipinotizado, não chega nem mesmo a picar.


-Que é?!


-Nada, não – responde o sujeito.


-Tava olhando o que então?


-Cara, eu não tava te olhando.


-Ah, não? Responde, tava olhando o que, porra?!


-Xii, melhor eu descer, é meu ponto.


O estranho desce sem olhar para trás, desce rápido de cabeça baixa, já na rua olha para os lados de uma forma estranha antes de continuar andando. De certo era um assaltantezinho. Melhor sem ele ali dentro.

Verdade Pt2

Chegou na casa, finalmente. Portões abertos, o churrasco era grande. Entrou. Logo encontrou seus amigos, já estavam bebendo. Deram-lhe uma latinha de cerveja, estava meio quente, mas era o que tinha.

-Faz tempo que cêis tão aqui? – Perguntou para Marcelo.

-Não, por que cê demorou?

-Ah, acabei dormindo demais. Fiquei puto no ônibus, um babaca ficou me encarando!

-Bebe que passa... saúde!

-Saúde.

Algumas latinhas depois já se sentia mais à vontade. Era chato ser o único mais sóbrio no meio dos bêbados. Mas mesmo assim ainda não estava bem. Todos riam, mas ele não conseguia esquecer dos gritos. Parecia que a voz ainda ecoava na sua cabeça.

Não muito longe uma menina olhava diretamente pra ele. Procurou por alguém para trás dele, não tinha ninguém. Era pra ele mesmo. Cabelos pretos, pele clara, muito bonita.

-Ou, olha lá, do lado da churrasqueira. Bonitinha, hein? – perguntou pra um de seus amigos.

-Aonde, cara?

-Do lado da churrasqueira! Cabelo preto...

-Tem gente na minha frente, não tô vendo ninguém.

-Melhor assim! Vou lá falar com ela.

Andou até a churrasqueira, fingiu olhar a carne e virou para ela.

-Oi!

-Oi. – Era bonita mesmo, só não tinha respondido de forma muito simpática.

-Quer uma cerveja? Vou pegar uma pra mim, se quiser trago pra você.

-Pode ser...

Foi até o balde e pegou, tão quente quanto as outras.

Com a cerveja conseguiu puxar papo, Júlia, isso era tudo o que sabia sobre ela. Quando percebeu os dois já estavam trocando beijos.

-Não quer ir pra algum lugar mais reservado? – Ela perguntou. Ele levou um susto, mas gostou da idéia.

Os dois saíram procurando algum lugar. Uma árvore grande do lado de uma casa parecia mais reservado. Os dois se encostaram nela e ficaram lá . Após alguns beijos ele percebe um cachorro do lado, era um doberman, rosnava para ele. Ficou assustado. No mesmo momento alguém passa na rua.

-Ou! Ta aí sozinho? Fazendo o que?

Não conseguia responder, o cachorro parecia pronto para ataca-lo. A menina não estava mais lá, certamente fugiu com medo do cachorro e ele nem percebeu. O animal latia ferozmente. Saiu correndo, a porta da casa estava aberta. Entrou e fechou-a.

-Porra, aquele bicho ia me matar!

-Ia nada. A Josephine num faz nada pra ninguém! Você tava lá no churrasco, não tava?

-Josephine? Isso é nome de cachorro? É, eu tava sim.

-Ah, eu gosto, Josephine. É sempre assim, a festa começa só lá, mas se espalha pras outras casas também, fica à vontade. Tem mais duas cadelas lá trás, só avisando, você parece ter medo de cachorro.

-Que medo, o que! Ela tava rosnando e latindo pra mim, aí eu fico com medo mesmo.

Andava pela casa, era grande, gostou de lá. Foi conhecer o fundo, não tinha mesmo medo de cachorro.

-Tá fazendo o que aqui? – Era o Marcelo, sentado em um sofá com uma menina.

-Sei lá, entrei aqui.

Passou, não estava afim de conversa. No fundo tinha uma piscina, não era grande, mas era uma piscina. Encontrou os cachorros, um labrador e um vira-lata. Brincou um pouco com elas, gostava de cachorros.

Em um certo momento as duas passaram a rosnar para ele. Não conseguia entender.

-Eu estava encostado lá nas árvores, será que algum cheiro deixa elas assim? – gritou para o Marcelo que olhava do sofá.

-É, o cheiro! – sentiu um tom de ironia na resposta.

A labradora tentou morder seu dedo. Foi por pouco, só raspou no dente dela. Achou melhor sair andando, chega de cães por hoje! Logo que entrou na casa, bem em frente ao sofá onde Marcelo estava resolveu olhar para o dedo. Era sangue pra todo o lado!

-Filha da puta! Olha o que ela fez no meu dedo!

O sangramento só piorava, até que o sangue começou a espirrar vigorosamente pelo corte, indo direto na cara de Marcelo e da menina.

-Porra! Olha isso!

Marcelo fez uma cara de desdém, parecia não se importar com o sangue.

-Qual seu problema, porra?! Olha quanto sangue!

-Larga de frescura...

-Vai se fudê! Filho da puta...

Saiu andando e entrou no primeiro banheiro que encontrou. Trancou a porta e abriu a torneira. Lavou todo o sangue. Não havia corte. Não é possível!

-Ah! De onde você saiu?! Quem é você?!

-Sei lá, tava aberta, resolvi entrar.

-Porra nenhuma! Eu tranquei a porta!

-Eu tô aqui dentro, acho que você não trancou.

-Sai daqui então! Agora!

Fechou a porta, trancou-a, tinha certeza dessa vez. “EEEEI!”. Era a mesma voz. Era o homem que estava dentro do banheiro. Abriu a porta de uma vez. O sujeito sorria enquanto, cinicamente, olhava para sua cara.

-Quem é você? – Perguntou enquanto puxava o estranho para dentro e trancava a porta.

-Boa pergunta. Quem é você?

-Não tô de brincadeira, seu filho da puta. Você estava no meu apartamento hoje, gritou várias vezes do jeito que acabou de gritar!

-Algum problema com os gritos?

-Algum problema com você entrar na minha casa! Como você entrou? Responde caralho!!

-Você me colocou lá dentro.

-Eu?! Vou te pôr dentro de alguma coisa, seu filho da puta!

Pegou a cabeça do homem e bateu-a contra o espelho. Viu os inúmeros cacos caindo e tudo que pôde sentir depois foi o homem empurrando um deles contra seu pescoço.

***

O teto era branco. No entanto o lustre não era o mesmo. Nem a cama, nem o chão, nem as paredes. Muito menos seu pescoço e sua cabeça. Cortes espalhados por todo seu rosto. Que dor. Não era um hospital, era muito bonitinho pra ser um hospital. Ouvia vozes fora do quarto.

-... ele batia nas cachorras e dizia que elas estavam tentando morder ele por causa do cheiro da árvore. Eu vi ele numa árvore, tava estranho. Ele chegou e começou a me mostrar quanto sangue saia do dedo dele, a cachorra nem conseguiu morder, se tivesse mordido, azar o dele. Então, depois disso foi para o banheiro, fechou a porta, abriu, fechou... começou a gritar, parecia um louco! Fazia uma voz diferente, brigava com ele mesmo, até que ouvi o barulho do espelho quebrando. Encontrei ele com o rosto cheio de cacos e um pedaço no pescoço.

Tentou levantar-se. Estava amarrado à cama.

-EEEEI!! – Assustou-se com seu próprio grito.

Marcelo e o médico entraram correndo no quarto.

-Eu bati nos cachorros? Não saia sangue do meu dedo? Que porra que aconteceu? Me conta!

-Ah...

-Eu bati ou não?! Conta como foi!

-Eu não sei como foi!

-Me conta a verdade, como foi de verdade!

-E eu é que sabe como foi de verdade?

Ainda deitado, sentindo as mãos presas ao lado do corpo ele olhou para o alto e viu o conhecido lustre mais uma vez, ainda fora de foco. Fechou os olhos e tudo ficou negro.

domingo, 7 de setembro de 2008

For my listening pleasure

Entre gritos de "senhoras!" e "senhores!", com um sotaque engraçadíssimo, os suecos do The Hives se apresentaram ontem no Via Funchal. Foi a primeira vez que eles apareceram por aqui e, segundo o "vucalissta" Howlin' Pelle Almqvist, todos tem uns nomes engraçados, a platéia foi uma boa surpresa, muito animados. Não foi à toa, os constantes pedidos de "batam palmas" e "gritaíí" animavam qualquer um.

O show começou bem na hora programada, 23h, luzes apagadas e tocando uma faixa instrumental do último álbum, Black and White Album, A Stroll Through Hive Manor Co, até que finalmente eles entram e, aí sim, o show começa.

Foi uma hora e vinte de animação, embalada pelos gritos do vocalista e pela performance animada do guitarrista
Nicholaus Arson. É claro que não lembro da set list, apenas de alguns dos pontos altos do show. Um certo momento era a hora de dar uma acalmada, para isso eles tocaram Diabolic Scheme, com Pelle gritando feito um féladaputa no palco.

Outro ponto alto foi quando "for your listening pleasure" eles tocaram Two Timing Touch and Broken Bones. O show "terminou" com Return the Favor, eles saíram e voltaram para o bis com mais 3 músicas, sendo a última a mais esperada pela maior parte do público, Hate to Say I Told You So. Com isso eles se despediram, foram até a frente do palco e agradeceram.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Tim Tim!

A minha agenda musical tem um dia importantíssimo desde 2005, foi a primeira vez que fui num Tim Festival. Todo ano eu sei que em um domingo de outubro, provavelmente dia 20 e alguma coisa, alguma banda que eu gosto muito vai pisar na minha querida cidade e fazer um grande show pra mim. The Strokes, Arcade Fire, Kings of Leon, Arctic Monkeys, The Killers foram alguns dos apreciados.

Esse ano não podia ser diferente. Apesar da mudança na estrutura do festival, ao contrário dos últimos anos não será apenas um show com os maiores shows de rock. Mesmo os shows grandes estarão divididos, apesar de que, na minha humilde opinião, as atrações deste ano estejam menos, digamos, atrativas do que nos anos anteriores.

Pelo jeito com os shows não tão acumulados num mesmo lugar, a chance de graaandes atrasos está reduzida. Entretanto é a famosa (des)organização dos "organizadores" do Tim Festival. Ano passado, em pleno domingo, um leve atraso de 4 horas deixou grande parte da platéia revoltada (inclua-me na massa revoltada).

Claro, a programação em São Paulo:

Auditório Ibirapuera

21/10, 20H30
Noite de Gala: Sonny Rollins

22/10, 20H30
Sophisticated Ladies: Carla Bley / Stacey Kent / Esperanza Spalding

23/10, 20H30
Bossa Mod: Marcelo Camelo / Paul Weller

24/10, 20H30
The Cats: Bill Frisell / Tomasz Stanko / Enrico Pieranunzi

25/10, 20h30
Rosa Passos

Arena de eventos - parque Ibirapuera

22/10, 21h
Brilhando no Escuro: Kanye West

23/10, 21h
Novas Raves: The Gossip / Klaxons / Neon Neon

24/10, 19h
Tim Festa: Dan Deacon / DJ Yoda / Sany Pitbull / Música Magneta / Junior Boys / Gogol Bordello / Switch / Leandro HBL Video Artista / Database

25/10, 21h
Ponte Brooklyn: Cérebro Eletrônico / MGMT/ The National

Auditório Ibirapuera - ao ar livre

25/10, 11h
Sonny Rollins






Duas palavras... THE NATIONAL!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Fumo

Um projeto do Ministério da Saúde tenta acabar com o fumo em lugares fechados. Infelizmente o presidente Lula não acha o mesmo. "Eu defendo, na verdade, o uso do fumo em qualquer lugar. Só fuma quem é viciado."

O lado que não foi visto é que uma iniciativa como está, de "complicar" a vida do fumante é, também, um incentivo a mais para uma tentativa de abandono do vício. Além de que pessoas não fumantes não precisam ficar inalando a fumaça dos fumantes em locais fechados ou de ventilação deficiente.

Uma lei como está pode também ajudar o governo, muito dinheiro é gasto para o tratamento de doentes em conseqüências do fumo. Um bom dinheiro seria economizado, podendo ser aplicado em outras áreas da saúde que estão precisando, não seria difícil identifica-las.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Será?

Ele falou bonito, conseguiu juntar mais de 75 mil pessoas, comoveu muitas, algumas choraram. Disse que a "América" é um país (eu aprendi que é um continente) melhor do que os últimos 8 anos, e aos gritos disse que 8 anos foram o suficiente.

Ele tem camisetas de marcas jovens com seu rosto estampado. Grandes festivais de rock têm uma barraca especial dele com broches ou o que quer que o público queira. Artistas de todo tipo o apóiam, desde Stevie Wonder até Arcade Fire.

Realmente, após dois mandatos fracassados de Bush Filho tudo que a "América" sonhava era um negro muçulmano para mudar tudo. Mais do que isso, tudo que um americano negro e muçulmano com pretensões à presidência sonhava era uma "América" afundada, igualzinha a essa que você vê na televisão. Uma guerra sem motivos, uma economia em decadência... 8 anos foram o suficiente.

E o rival? John McCain? Ah! O homem que votou não-sei-quantas-vezes a favor de tudo que Bush Filho decidia não tem muitas chances, a não ser que algo grande aconteça ele só está lá cumprindo tabela.

Resta a dúvida, 4 anos serão o suficiente para um negro muçulmano mostrar que pode comandar um país de brancos católicos? Ele será mesmo diferente ou será apenas um branco católico com uma corzinha a mais e uma crença diferente? Parece que o homem terá 4 anos para mostrar.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Em branco

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segunda-feira, 7 de julho de 2008

Parágrafos

Não era a primeira vez que havia lido o último parágrafo do livro, sabia que tinha que parar com isso, já havia deduzido o final de alguns deles graças ao maldito hábito. Mais uma vez a vontade foi mais forte, já tinha lido o último parágrafo algumas vezes, talvez umas 3 ou 4. O que o intrigava era que não fazia muito sentido, não conseguia deduzir um final, isso o incomodava.

Estava deitado lendo, talvez mais pensando do que lendo. Era o último capítulo do livro, com o mistério das últimas linhas, a vontade de ler e descobrir como seria o final era enorme. Mas sua cabeça estava lotada, pensava e pensava e pensava. Principalmente em algumas dúvidas. Não sabia o que devia fazer, sabia que precisava estudar, mas começar com o que?

Ao mesmo tempo em que pensava no que estudar veio sua namorada e a discussão que tiveram graças a uma mensagem de celular mal interpretada por ela. Ela precisa ser tão teimosa? Isso o incomodava muitas vezes, não apenas isso, muitos problemas apareciam entre eles ultimamente. Pensava o que seria dele caso não tivesse namorado ela, pensava se não tivesse acontecido naquele momento aconteceria mais tarde? Seria tudo aquilo inevitável?

Com isso passou a outras dúvidas. Imaginou se aquilo tinha que acontecer ou se era possível que outros caminhos fossem seguidos. Era a velha história de destino, ele não tinha uma opinião formada sobre isso. Sempre achou que seus atos poderiam mudar o seu futuro, ao mesmo tempo acreditava que algumas coisas aconteceriam independentemente de qualquer ação.

Talvez exista realmente destino. Cada vez mais ele passava a acreditar nisso, seus pensamentos, suposições, imaginações, tudo levava a isso. Existe destino. No momento em que decisões tinham que ser tomadas e assuntos importantes vieram em sua cabeça, ele descobriu que tudo estava escrito, aconteceria de qualquer forma, ele tinha apenas que continuar como sempre havia feito.

Eis que quando percebe já está na última página do livro, foi lendo sem prestar a mínima atenção nas palavras, acentos, vírgulas. Era a última página e ele não sabia como tudo tinha se desenrolado para o último parágrafo, lido e relido algumas vezes. Continuou mesmo assim, até o último ponto. Terminou e ficou olhando para a branquidão que vinha logo abaixo; o último parágrafo não era o mesmo, havia mudado.

domingo, 6 de julho de 2008

Pois é

Hipocrisia não é mais cinismo, eu chamo de multilateralismo, um afago pra cá uma cusparada pra lá e assim o país inteiro vai te amar.

Por Móveis Coloniais de Acaju - Swing Hum e Meio (O homem, a verdade e a castanha)

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Humor e jornalismo

Claramente percebemos o respeitável papel que o humor teve quando em conjunto com o jornalismo, em toda a história nacional. As revistas ou periódicos humorísticos foram muito importantes como veículos para protestos, principalmente em tempos de ditadura, quando a imprensa era censurada. Um dos principais exemplos é "O Pasquim", jornal que fazia oposição à ditadura militar.

Foi-se a ditadura, ficou o humor, sempre de mãos dadas com os brasileiros. Em tempos de democracia plena é triste vermos como um programa de humor parece ser o principal incômodo aos nossos políticos. O programa ao qual me refiro é o CQC (Custe o Que Custar), da band.

O incômodo causado foi tanto que como resposta foram proibidos de entrarem e gravarem qualquer tipo de matéria dentro do Congresso Nacional. As perguntas sinceras e diretas, as que muitos dos brasileiros adorariam fazer cara a cara com muitos de nossos "políticos", não são do tipo que os deputados e senadores gostam de responder. Parece lógico, se algo nos incomoda devemos sair de perto - mas... seria mais fácil tirar o incômodo e continuar confortavelmente no mesmo lugar. Foi esta a solução.

Foi-se a ditadura, ficou a censura, ficou a picaretagem dos políticos, ficou o comodismo do povo, ficou a falsa ilusão de que sozinhos não somos capazes de mudar algo no país.

Ficou também uma aparente autocensura do jornalismo, que trata de assuntos levianos com profundidade e extrema seriedade, e muitas vezes parece preferir não cutucar os "poderosos". O papel da imprensa seria justamente incomodar, no sentido saudável, os políticos; o que não vemos com muita freqüência acontecer por aqui. A imprensa de vez em quando aparece denunciando esquemas de desvios de dinheiro ou o que quer que seja, e usam a denúncia para se vangloriar, elas se tornam motivo de publicidade. Ela passa a impressão de nos ter feito um favor, quando apenas cumpriu seu papel na sociedade, que deveria ser feito com mais freqüência.

Finalizando, é dever de todo brasileiro que estima a liberdade de expressão lutar por ela, nem que seja apenas com um ato mínimo, tal qual uma simples assinatura.

www.cqcnocongresso.com.br

É rapidinho...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Certezas

O homem sentado olhava o movimento na rua, a brisa do final da tarde batia em seu cabelo, arrumado, de um jeito não o parecesse, olhava, pessoas passavam. O que estariam elas pensando? Saberiam elas para o que corriam, sabia ela por que corriam? Nada parecia importar, apenas o fato de que todas corriam. Alguns nem olhavam para os lados, apenas passavam com aquele passo acelerado. Pareciam procurar nos olhares dos outros andarilhos algum consolo ou conforto, quem sabe até mesmo uma resposta. Por que corro? Por que estou aqui? Para onde vou?

Infelizmente, para os que procuram alguma resposta, elas não são oferecidas pelos outros que dividem a calçada. Tudo que ganham em troca são olhares avoados e distraídos, ouvidos cheios por fones que alienam e tocam os tons da solidão escolhida, mãos nos bolsos e expressões que passam apenas uma certeza, a de que não será aquela a pessoa a responder.

No canto de seu olho o homem parece ver algum movimento diferente do constante vai e vem. Uma moça que andava tão apressada e solitária quanto todos os outros deixa uma simples folha cair e continua andando, sem perceber. Um jovem ao passar percebe a folha caindo, abaixa-se, pega a folha e corre atrás da moça. Entrega-lhe a folha e em um ato ordinário sorri e pergunta se a moça está bem, ela lhe responde apressadamente que sim, balança a cabeça em um movimento frenético e logo se vira para continuar andando.

O homem sentado continua observando e percebe que o sorriso ordinário permanece nos lábios do jovem, a moça vira-se e um sorriso aparece também nos seus lábios. De uma forma incrível, como se fosse algo extremamente transmissível, o mesmo surge em seus lábios, e o homem sentado percebe que talvez não esteja tudo perdido. Assim, ele levanta-se, respira fundo e tranqüilamente pula a janela para dentro da sala.

A única certeza que possui é que a certeza que possuía há poucos minutos já não é uma certeza. O homem de pé coloca o paletó, contempla o céu azul e vira as costas; naquele momento ele tem uma certeza, a de que naquele dia ele voltará para casa e por mais difícil que tudo pareça ele continuará de pé.

domingo, 15 de junho de 2008

Meu nome é Victor e eu sou viciado em joguinhos na internet.

Acho impresionante o modo como me vicio facilmente em qualquer jogo bobo, passo horas jogando e me divertindo de um modo incrível. O último que eu joguei foi na sexta feira (que foi 13!), achei um daqueles point and click, joguinhos que, como o próprio nome diz, você aponta para onde ou com o que quer interagir e... clica!

DayMare Town 2, foi ele, que além de ser muito divertido é muito bonito, achei os desenhos muito legais, alguns beiram o sombrio, enquanto outros são extremamente fofinhos! O objetivo é sair de uma cidade e ao mesmo tempo colecionar o maior número possível de moedas, que podem ser encontrados espalhadas pelo chão ou em cima de telhados.

Bom, chega de puxar o saco do joguinho, vou deixar o link do jogo e do site do criador, Mateusz Skutnik, um polonês, que já fez outros jogos antes deste.

Site do jogo e Mateusz Skutnik




quinta-feira, 12 de junho de 2008

A Lagoa Azul

Depois do último post, que foi bem polêmico, vem esse pra dar uma descontraída. Sim, eu escrevi um artigo sobre "A Lagoa Azul"...


O maior clássico do cinema romântico
Não é o que você estava pensando, estou falando de “A Lagoa Azul”
Férias de julho, uma das principais fontes de diversão, pelo menos no passado, quando ter TV a cabo não era tão normal, era a “Sessão da Tarde”. Quem nunca ficou sentado na frente da televisão esperando o filme começar, já imaginando aquele desenho que tanto queria rever, mas na hora que começa... “A Lagoa Azul? Mas esse filme não passou mês passado?”

Provavelmente “A Lagoa Azul” é o filme mais reprisado na televisão, é muito difícil encontrar alguém que nunca tenha assistido-o. O filme de 1980 é a terceira adaptação do romance “The Blue Lagoon”, do escritor Irlandês Henry De Vere Stacpoole, escrito em 1908. As versões anteriores são de 1923 e 1949, porém nenhuma das duas fez tanto sucesso quanto a mais recente.

A história é bem conhecida, Richard (Christopher Atkins) e sua prima Emily (Brooke Shields) estão em um barco com destino a São Francisco, acompanhados do pai de Richard, até que alguns “problemas técnicos” surgem e o barco corre o risco de explodir. No desespero, Richard e Emily se separam de seu pai/tio e acabam em um barco acompanhados do marinheiro Paddy Button. Os barcos se separam e os três chegam a uma ilha deserta. O marinheiro ensina os dois jovens como pescar e sobreviver, até que em uma noite, bêbado, Paddy se afoga.

O resto do filme mostra como Emily e Richard sobrevivem na ilha, mostra também o amor surgindo entre os dois enquanto fazem descobertas sobre sexualidade e sobre a ilha, ela talvez não seja tão deserta assim.

Na época Christopher Atkins tinha 19 anos e Brooke Shields tinha 15. Hoje, mais grandinhos do que na época, Christopher tem 47 e Brooke 43, tenho a impressão que o ápice da carreira dos dois foi realmente “A Lagoa Azul”. Após algumas participações em seriados americanos, hoje Brooke Shields é uma das principais personagens do seriado “Lipstick Jungle”. Já Christopher Atkins fez e continua fazendo filmes de pequena ou quase nenhuma notoriedade.

A versão de 1980 foi dirigida por Randal Kleiser, que dirigiu outro clássico filme de “Cinema em casa”: Querida, estiquei o bebê.Para muitos, quando pensamos em algum filme clássico de romance, a primeira imagem a aparecer, infelizmente, não é nem “E o vento levou” ou “Casablanca” e sim o nosso clássico “A Lagoa Azul”. Nesse dia dos namorados, passe em alguma locadora e, com ou sem acompanhante, assista e relembre suas tardes, entediadas, de férias.

sábado, 7 de junho de 2008

Déjà vu

Estava navegando pela internet, vendo notícias em geral, até que volto para a página inicial da UOL e tenho aquela sensação de déjà vu ao ler uma das muitas manchetes. "Homem morre ao dirigir na contra mão na rodovia Anhangüera", é este o comentado fait divers. Logo após ler tive a impressão de que havia visto em algum lugar a mesma notícia, até que lembrei que não tinha sido hoje, e sim meses atrás.

Infelizmente parece ser uma nova "moda", é o suicídio na contra mão. Está cada vez mais freqüente que descontentes, por motivos desconhecidos por nós que ficamos, simplesmente resolvam virar na contra mão e dirigir por quilômetros até que colidem com outro automóvel e morrem.

Talvez seja alguma nova síndrome, algum vírus desconhecido ou até influências alienígenas em motoristas. O fato que mais me espanta, e que também é espantoso que logo isso me espante, é que se alguém quer cometer suicídio, ok, vá em frente, mas faça-o através de algum método que não coloque em risco a vida de outras pessoas, elas nada têm a ver com sua tristeza e descontentamento. Felizmente o motorista do caminhão com o qual o homem da notícia colidiu saiu sem ferimentos do acidente.

Aqui vai o pedido; por favor, voltemos aos antigos métodos de suicídio como venenos, cordas ou pulos pela janela, no caso do último apenas depois de verificar se não passa ninguém lá embaixo.

Obrigado.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Decadência

O ilustrador italiano Donald Soffritti fez desenhos de como seriam os super-heróis na decadente velhice, achei os desenhos muito engraçados.



As outras imagens podem ser vistas na galeria dos heróis decadentes.

sábado, 31 de maio de 2008

Elementar, meu caro Watson...

Um elefante indiano, diga-se de passagem dos mais sanguinários, foi abatido segundo autoridades do país.

O elefante já havia matado 27 pessoas, sendo 14 delas só no último mês. O delicado animal vinha colocando terror nos moradores do estado de Assam, no noroeste do país. Além de matar, o elefantes destruia tudo que encontrava pela frente.

Foram disparados 20 tiros para que o bichinho fosse "acalmado".

O nome do animal? Ah sim, Osama bin Laden!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Imagens

Eu estava aqui passeando sem saber o que postar até que fui dar uma olhada nas minhas, abandonadas, fotos. Tem bastante coisa interessante, nada útil; alguns mapas, fotos da Segunda Guerra, outras de fotógrafos pelos quais me interessei quando vi.

Achei que seria legal colocar algumas das que eu mais gosto, como um dos maiores acervos é o de fotos da Segunda Guerra, escolhi algumas das preferidas, por motivos diversos, não posso dizer que são as mais bonitas, soaria um tanto quanto estranho para algumas delas.






Três fotos parecem ser o suficiente para uma postagem. Qualque hora eu coloco mais algumas delas, e fotos das outras pastas também.
Tchau!

terça-feira, 20 de maio de 2008

Last(week)Fm

Quase esqueci de passar isso pra esse blog! Foi o que me fez conseguir coisas pra postar entre as publicações semanais, tenho que continuar com isso aqui também.




Algumas coisas custam mais do que você pensa...

Ano passado o Radiohead fez algo inusitado, colocou seu novo álbum, “In Rainbows”, para ser vendido digitalmente. A surpresa girava em torno de que o comprador decidiria quanto gostaria de pagar pelo álbum. Com isso o grupo inglês fez duas críticas; a primeira, óbvia, às gravadoras, que cobram preços abusivos e a segunda, e mais sutil, aos compradores que justificam seus downloads dizendo que os preços cobrados pelas gravadoras são muito altos; já que nessa compra não haveria nenhuma gravadora entre a banda e o comprador uma pergunta era feita: “Agora, sem ninguém para ser usado como desculpa, quanto você paga?”
A média paga foi de 4 libras. Aproximadamente um quarto dos internautas que baixou o CD não pagou sequer um centavo por ele, ou seja, toda a crítica direcionada às grandes gravadoras se mostrou apenas blá blá blá no final das contas.
Falei tudo isso apenas para comentar a nova campanha da MTV americana, que tem como trilha sonora a música “All I Need”, que faz parte do comentado CD. O vídeo da campanha mostra duas crianças, uma provavelmente americana e a outra uma criança oriental, do Vietnam , Tailândia ou algum dos países produtores de manufaturados.

O link para assistir o vídeo é este: http://www.youtube.com/watch?v=4Drxbr6N8Ro

O final do vídeo é previsível, mas não é isso que importa, e sim o que a campanha quer passar. É algo a ser pensado, como podemos ter produtos com preços tão baixos (ou não, nike, adidas e companhia são fabricados nestes mesmos países, porém sem o preço baixo na hora da venda), será possível que o fabricante respeite todas leis do trabalho? Ou mais, países como a China deixam o meio ambiente de lado e poluem deliberadamente, apenas em busca de preços mais competitivos.
Depende de nós consumidores pensarmos antes de optar por um produto apenas porque possui um preço melhor do que o outro, ou porque tal marca é mais legal do que a outra. Em tempos de aquecimento global e escravidão infantil, temos que pensar um pouco nos outros que podem estar envolvidos no processo.

Ensaio Sobre a Cegueira




A adaptação cinematográfica do livro do português José Saramago ganhou seu trailer oficial semana passada. O filme é dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, já consagrado no exterior por “Cidade de Deus” e posteriormente, em sua estréia no cinema hollywoodiano, “O Jardineiro Fiel”. No meio de diversos nomes internacionalmente renomados, como Mark Ruffalo, Julianne Moore, Gael García Bernal e Danny Glover, temos mais um nome brasileiro: Alice Braga. Ela é sobrinha de Sonia Braga e já foi visto por alguns no filme “Eu sou a lenda”, com Will Smith. Logo logo poderemos vê-la dividindo as telas com Rodrigo Santoro, em um filme sobre luta livre (?!).
Ok, voltando para o “Ensaio Sobre a Cegueira”. O livro parece ser uma obra de dificílima adaptação para os cinemas. Temos desde personagens sem nome até a dificuldade de reproduzir um mundo assolado pela “cegueira branca”. No trailer vemos algumas imagens de tal mundo reproduzido por Meirelles, em uma das cenas vemos imagens do Minhocão, um dos locais de gravação foi São Paulo, além do Canadá e Uruguai.
Outra dificuldade, e que nesse caso é uma das principais características do livro é que enquanto lemos, somos mais um dos atingidos pela cegueira. São extremamente raras as descrições de personagens. O autor nos transmite a enfermidade misteriosa enquanto passeamos pelas páginas.
O livro possui algumas passagens fortes, cenas de violência física e sexual. Devido a pesquisas feitas pela Miramax, distribuidora do filme, a audiência não está respondendo bem às cenas. Para adequar o filme ao público, Meirelles cortou algumas das passagens mais fortes. O que é uma pena. O livro não é apenas uma historinha, o autor não o escreveu para passar a mão na cabeça do leitor como se tudo estivesse bem, o que, acredito eu, nunca será feito por Saramago.
As opiniões estão divididas, alguns acreditam que Meirelles e toda equipe fizeram um bom trabalho, porém outros acreditam que seja difícil uma boa adaptação. O trailer passou uma boa primeira impressão. Agora temos que esperar para assistir e tirarmos nossas próprias conclusões. Fica aí o trailer e o poster-teaser do filme.

9

… e ele estava sentado desconfortavelmente no banco de madeira, contemplando o céu estrelado, se é que assim podia ser chamado, e poluído da cidade. Olhava estrela por estrela, se detinha por alguns poucos segundos em cada uma delas, passava para a próxima.

Estava cercado por pessoas, não eram muitas, mas eram o suficiente para que uma pessoa não possa se dizer sozinha, mas assim ele se sentia. Parecia que tudo estava parado e sua única companhia eram as poucas, longínquas e tristes estrelas. Ele as olhava e elas, simpáticas, retribuíam seu olhar, pareciam acenar e dançar para diverti-lo.

Assoprou o ar para fora dos pulmões e observou a fumaça sair de sua boca. Com isso pareceu ter sido levado a outro lugar. Pensou como era engraçado, essa imagem antes o levava a um lugar, depois de um certo dia passou a leva-lo a outro. Tinha certeza, alguém novo havia aparecido ao seu lado. Não tinha coragem de olhar, passaram-se alguns segundos, ele olhou. Lá estava ela, a felicidade preencheu-o, não podia acreditar, lá estava ela. Olhou para frente, os carros passavam rapidamente, muitos deles, de todas as cores e formatos, com motoristas de mais cores e formatos dentro deles.

Venceu o medo, lentamente moveu sua mão um pouco para o lado e tocou na dela. Segurou-a firmemente. Apertou-a, não a soltaria de maneira nenhuma. Então cometeu seu maior erro, o maior de sua vida. Piscou, e tudo foi embora. Continuava lá, sentado, cercado, porém sentindo-se sozinho, apenas com as estrelas.

Veremos...

Bom, cansei do wordpress... o único problema da mudança foi que o outro nome estava ocupado no blogspot. Quero aproveitar e agradecer a ajuda da Alice (Molina).
Vou por alguns dos textos do outro que eu acho que merecem continuar aqui.
Vamos ver se esse se comporta melhor.