quinta-feira, 16 de abril de 2009

Democracia donde estás?

Conversando com mais uns três ou quatro colegas hoje, descobri que nenhum deles tinha conhecimento do que foi a notícia mais divertida que li durante a semana. O presidente boliviano Evo Morales estava em greve de fome para que as novas leis eleitorais fossem aprovadas pelo congresso.

Em votação popular, as novas leis haviam sido aprovadas, no entanto o Congresso boliviano, constituído majoritariamente por integrantes da oposição, não aprovava a lei de uma vez. A explicação é das mais simples, um dos novos itens da nova constituição eleitoral, é que pode haver uma reeleição para presidente. Até hoje, o presidente era eleito para um mandato de cinco anos, sem possibilidade de reeleição. Com a mudança, será possível uma nova eleição para mais um mandato de cinco anos, e a oposição teme que Morales consiga tal feito, governando a Bolívia até 2015.

Confesso que tenho medo, não me agrada nem um pouco um duplo mandato de 10 anos, parece-me tempo demais para alguém governar um país. Já acho 8 anos tempo o suficiente. Engraçado que o que tenho como melhor modelo, era exatamente o boliviano, um simples mandato de 5 anos. Fechado este parênteses volto ao que falava.

Mandatos, reeleições e coisas do tipo, principalmente se contextualizadas na América Latina, acabam por nos remeter a Hugo Chaves. De forma nenhuma pretendo dizer que as votações, do tipo que ambos presidentes citados aqui andam fazendo, não são legítimas. Coloca-se o assunto ao povo, que vota a favor ou não. A pergunta é, de que modo o povo escolhe. Sabe-se que durante os processos de votação, principalmente na Venezuela, panfletistas da oposição eram levados por integrantes das forças armadas, enquanto que os que apoiavam as idéia pró governo, eram autorizados, indiretamente, a panfletar, por mais que não fosse permitido na data e lugar.

O que cabe a ser analisado é que papel a mídia faz em todo processo, sendo entendido como mídia todo tipo de comunicação e não apenas rádio ou televisão, mas sim carros de som, papéis e outdoors também. Com isso passamos à pergunta: existe realmente tal liberdade? É verdadeiramente legítimo todo este processo, ou revistas e edições de debates eleitorais podem acabar por minar toda a liberdade democrática de um povo?

Melhor parar por aqui enquanto falo destas pobres democracias comprometidas...

PS: O título é uma brincadeira com o post do Sr. Graziani, acerca deste (quase) mesmo assunto, no Sambuteco!