terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Rota 66, pancadaria na USP e a mídia como fundamentadora


Dia 17 de junho de 2009 a Polícia Militar entrou em confrontou com alunos e funcionários da USP durante uma manifestação. A justificativa oficial, apresentada pela PM na mídia, foi a de que durante a manifestação, uma patrulha da PM foi agredida por estudantes dentro do Campus Butantã, resultando nas ações da PM, que não tinha outra solução senão dispersar os manifestantes na base do cacete e do gás lacrimogêneo.

Lembrei deste episódio muitas vezes lendo Rota 66, do jornalista Caco Barcellos. Ao longo do livro somos expostos à brutalidade da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), tida como uma das divisões de elite da Polícia Militar de São Paulo. A Rota é conhecida pela sua violência. Essa violência é sempre fundamentada, pela própria Rota, dizendo que eles lidam com criminosos muito violentos, inclusive o tipo mais odiado por todos, os estupradores.

Rota 66 mostra que não é bem assim. O primeiro caso exposto por Caco Barcellos é o caso da Rota 66, que após uma longa perseguição pelas ruas de São Paulo, resultando em uma batida, os membros da Rota assassinaram três rapazes que desceram de um Fusca implorando por suas vidas. O interessante deste caso é que, pela primeira vez, os assassinados eram garotes de classe alta, o que causou uma investigação aprofundada por parte da perícia. Após pronto, o inquérito mostrava que houve excesso de violência, fraudes por parte dos polícias e três garotos assassinados sem necessidade, de forma pra lá de brutal. Nem assim os policiais foram condenados ou deixaram de receber menções honrosas por seu bravo trabalho.

Como esse, muitos outros casos são apresentados, sempre com os mesmos elementos. Perseguição desnecessária - partindo apenas de suspeitas por parte do policiais-, assassinatos, adulteração da cena do crime e mentiras.


Os casos, tanto os descritos no livro como o caso da pancadaria na USP, por mais que sejam totalmente diferentes - tendo em comum alguns pontos, como o excesso de força da PM – têm em comum um ponto de extrema importância, a utilização da mídia como fundamentadora para essas ações. Em todos casos descritos no livro, os autores dos assassinatos sempre se referem aos mortos como criminosos cruéis e a mídia sempre reproduziu estas afirmações, como se fossem justificativas para surras em públicos e tortura. Em nenhum momento coloca-se em dúvida se os argumentos de uma entidade tão importante para a sociedade, que é a Polícia Militar, sejam reais ou não, apenas aceita-se.

No caso da USP somos colocados novamente frente ao problema da fundamentação, a mídia reproduziu o argumento dos militares de que os alunos agrediram os policiais (fato que foi desmentido por alunos que se encontravam no local, em conversas pela USP) e com isso a sociedade aceita os absurdos que foram cometidos, os excessos de violência e compartilham da visão de que vagabundo tem mais é que apanhar e assim a vida continua. Os inocentes vão sendo mortos e os argumentos dos assassinos, reproduzidos por uma mídia viciada e, de certa maneira, preguiçosa, são aceitos e compartilhados pela sociedade.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Amp (ou não), Black Drawing Chalks (metade dele), MQN e o direito de imagem

O SESC Pompeia tem uma choperia legal música ao vivo, ponto positivo. O ponto negativo é que ele fica, obviamente, na Pompeia. Nunca me arrisquei a assistir algum filme em Imax porque a única sala em São Paulo fica no Shopping Bourbon Pompeia. Black Drawing Chalks, MQN e Amp na chopeira? Lá vamos nós.

Marcado para às 21 horas, nunca que começaria às 21 horas! Não vi os avisos via twitter, vou para o SESC Pompeia pouco antes do horário de início. Chegando lá após errar o caminho uma ou duas vezes, ouço o Black Drawing Chalks tocando My Favorite Way de lá do lado de fora. Que delícia, já perdi um pouco do show. Descubro que o show do Amp já foi e que o do Black Drawing Chalks já está mais ou menos na metade. Logo pensei que devia ter perdido Magic Travel, música que ainda não vi eles tocando ao vivo, uma das minhas preferidas. Vou até perto do pessoal vendo o show, saco a câmera para tirar as fotos antes que seja tarde.

Paro na frente do guitarrista, Renato, e CLAQUE. Primeira foto, ficou legal, a iluminação está muito boa. Alguns passos para o lado, paro na frente do guitarrista e vocalista Victor, pego no fundo o baterista Douglas e CLAQUE, CLAQUE, CLAQUE, tiro três fotos de uma vez. A primeira delas ficou boa, legal. É aí que o segurança me chama e diz que não posso tirar fotos com uma câmera que não seja portátil. Descobri com outras pessoas que os motivos eram os mais esfarrapados possíveis. Perigo nas fotos irem parar na imprensa, direito de imagens das bandas, como se os caras que estão ali tocando naquele dia se importassem e não quisessem mais é que todos tirem fotos. Soube que alguém chegou a pedir autorização para quem as bandas e elas concederam, mas nem assim pôde tirar fotos.

Foi assim que descobri como funciona o SESC Pompeia, show começa às 21, acaba às 23h30, disso não passou. Fotos que não de celular ou câmera portátil? Só com autorização da área de assessoria de imprensa do SESC, afinal, o direito de imagem das bandas pode ser ferido com uma daquelas câmeras grandes, imagina aquilo voando direto no seu direito de imagem, fere muito!

Sobre os shows, Black Drawing Chalks mandou bem na metade que eu vi do show, depois descobri que eles não chegaram a tocar Magic Travel.O pessoal bem na frente do palco estava bem animado, combinando com a apresentação deles. Os caras têm uma presença de palco muito boa. Eles disseram que com o show do MQN veríamos onde eles aprenderam a fazer rock n roll.

Foi verdade, tinha apenas ouvido uma música ou outra dos goianos mais veteranos, os caras são bons no palco. Empolgam a audiência com a música e falando bastante merda entre uma música e outra, um show bem legal com muita cerveja voando pra todo lado.

Lição aprendida, se quiser tirar fotos no SESC peça permissão, afinal, direito de imagem não é coisa leve, ainda mais depois que os próprios donos da imagem permitirem que as fotos sejam tiradas. Acho que na próxima vez eu vou até a Pompeia pra experimentar o cinema mesmo...