segunda-feira, 7 de julho de 2008

Parágrafos

Não era a primeira vez que havia lido o último parágrafo do livro, sabia que tinha que parar com isso, já havia deduzido o final de alguns deles graças ao maldito hábito. Mais uma vez a vontade foi mais forte, já tinha lido o último parágrafo algumas vezes, talvez umas 3 ou 4. O que o intrigava era que não fazia muito sentido, não conseguia deduzir um final, isso o incomodava.

Estava deitado lendo, talvez mais pensando do que lendo. Era o último capítulo do livro, com o mistério das últimas linhas, a vontade de ler e descobrir como seria o final era enorme. Mas sua cabeça estava lotada, pensava e pensava e pensava. Principalmente em algumas dúvidas. Não sabia o que devia fazer, sabia que precisava estudar, mas começar com o que?

Ao mesmo tempo em que pensava no que estudar veio sua namorada e a discussão que tiveram graças a uma mensagem de celular mal interpretada por ela. Ela precisa ser tão teimosa? Isso o incomodava muitas vezes, não apenas isso, muitos problemas apareciam entre eles ultimamente. Pensava o que seria dele caso não tivesse namorado ela, pensava se não tivesse acontecido naquele momento aconteceria mais tarde? Seria tudo aquilo inevitável?

Com isso passou a outras dúvidas. Imaginou se aquilo tinha que acontecer ou se era possível que outros caminhos fossem seguidos. Era a velha história de destino, ele não tinha uma opinião formada sobre isso. Sempre achou que seus atos poderiam mudar o seu futuro, ao mesmo tempo acreditava que algumas coisas aconteceriam independentemente de qualquer ação.

Talvez exista realmente destino. Cada vez mais ele passava a acreditar nisso, seus pensamentos, suposições, imaginações, tudo levava a isso. Existe destino. No momento em que decisões tinham que ser tomadas e assuntos importantes vieram em sua cabeça, ele descobriu que tudo estava escrito, aconteceria de qualquer forma, ele tinha apenas que continuar como sempre havia feito.

Eis que quando percebe já está na última página do livro, foi lendo sem prestar a mínima atenção nas palavras, acentos, vírgulas. Era a última página e ele não sabia como tudo tinha se desenrolado para o último parágrafo, lido e relido algumas vezes. Continuou mesmo assim, até o último ponto. Terminou e ficou olhando para a branquidão que vinha logo abaixo; o último parágrafo não era o mesmo, havia mudado.

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